sábado, 21 de janeiro de 2017
Cartas de Despedidas - Porque Não Tinha Como Ser Pra Sempre
Eu guardei muitas coisas ruins no meu coração. Foi um tempo longo até que eu percebesse que estava na hora de dar o alívio de que meu coração precisava e me suplicava tanto. Nosso casamento chegou ao fim, o amor talvez nem mesmo tenha existido, mas acreditávamos que sim. Ou talvez ele existisse, só não era o tipo certo de amor - Se é que pode chamar assim - era uma amor torto, feio, raivoso, possessivo, perigoso. Mas era tão intenso. Eu sempre tive fascínio por intensidade, extremismo, aquele tudo ou nada, aquela sensação de sentir o coração afundar no peito, de se contrair e agonizar e deixar-me esvair para depois aliviar. E você fazia isso como ninguém. Eu adorava aquela montanha russa em que vivíamos. Brigar por ciúmes ridículos e chorar por esquecimentos tolos. Gritar, pedir desculpas. Chorar, acalentar. Era essa nossa vida. Vivemos assim por sete anos. Namoramos e casamos e separamos e voltamos para no fim, aceitarmos que nosso amor não era "sadio". Você me machucou de infinitas formas e eu sei que também te machuquei infinitamente, apesar de nunca ter entendido o que, afinal de contas eu fizera. Acho que a verdade é que perdemos o controle do nosso jogo de Gritar/Desculpar/Chorar/Acalentar. No fim nossa vida virou Gritar/Chorar. Você gritava que eu não valia nada e eu chorava. Eu gritava que iria embora e nós dois chorávamos. Você sabia que eu estava indo embora. Sabia que iríamos nos perder e você lutou para não me deixar ir, eu sei. Mas não tinha como matar o inimigo sem nos matar. Éramos nós. Inimigos de nós mesmos lutando um contra o outro e contra si. Uma guerra insana armada e nenhuma parte com chances de sair vitoriosa. Você me quis demais, me amou demais, sentiu medo de me perder demais, pensou demais e imaginou demais. Intenso. Não foi isso que me fascinou no começo? Montanha russa. Uma subida lenta e cheia cheia de expectativas e uma queda alucinante. Eu sempre caia de olhos fechados. Deveria ter aberto os olhos desde a primeira descida. Às vezes eu em penso em você. Eu imagino como estaria minha vida se eu tivesse insistido um pouco mais, se tivesse aceitado aquele último grito, aquela última ofensa, aquele último esmagar de coração... Você teria mudado? Estaria como eu sempre desejei que fosse e como você prometeu que estaria tantas vezes? Estaríamos felizes enfim? Em paz? Acho que não... Creio que não. Não pense bobagens, não tenha esperanças. São apenas pensamentos ociosos que se dispersam e acabam indo para qualquer lugar e finda em esbarrar-se em você. Nós fizemos a coisa certa. Eu só queria que soubesse que não guardo mais mágoas. Eu as guardei por muito tempo, mas agora estou dando aquele alívio ao meu coração de que te falei logo no início dessa carta por isso estou deixando o ressentimento ir embora. Espero que você também não mais se ressinta por nosso fim, sei que não foi mais fácil para você do que foi para mim. Seja feliz. Eu estou procurando ser também.
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Gente do céu 😱😱😱
ResponderExcluirQue texto intenso! 😣